Confissão homicida


                                                                                               
 Sergio da Motta e Albuquerque




A auto-frustrada tentativa do ex-Procurador Geral da República Rodrigo Janot em matar o ministro do STJ Gilmar Mendes, relatada por ele mesmo em seu novo livro através da Folha de São Paulo (28/9), chocou a sociedade, o meio acadêmico das ciências jurídicas, muitos políticos e quase todos os especialistas em Direito neste país. E muito mais gente estupefata por este Brasil afora. 


Ao invadir armado um órgão federal, uma autoridade de tamanha estatura na vida civil como Janot deixou um recado a cada adversário do governo, a cada fanático extremista que pede a cabeça de membros do Supremo Tribunal Federal - ou mesmo seu fechamento: a temporada de caça ao ministro da Suprema Corte do país foi aberta. Por ele mesmo, Rodrigo Janot.


Já não é tão importante saber por que ele publicou seu livro neste momento, onde confessa sua tentativa de matar um membro do Superior Tribunal Federal. Gilmar Mendes caiu em desgraça entre os fanáticos apoiadores dos Bolsonaros. Sua exposição à insânia de Janot, dentro do próprio STF, abriu as portas do inferno do STF à fúria da extrema-direita. Foi um convite a elas, e a qualquer louco que se disponha a disparar uma arma contra alguém do STF. Medidas de proteção são necessárias para proteger  a ele e ao Supremo.


O ex-Procurador e campeão informal da Lava Jato, com suas trapalhadas e sua confissão temerária,  tentou desestabilizar o país com um incentivo que beira, neste momento da vida nacional, ao terrorismo. Este entendido como toda tentativa de dobrar ou coagir um estado soberano e seus representantes através da violência (ou ameaça desta), obrigando-os a agir contra o bem-estar do povo que deveriam proteger.


Invadir armado um prédio federal com intenção de matar um ministro do Superior Tribunal Federal como Gilmar Mendes, odiado pela direita brasileira e entregue  aos carniceiros da mídia, é um ato de terrorismo. Uma ameaça a sua vida e ao nosso estado de direito. Mesmo que a intenção tenha sido, como alega o ex-Procurador, punir o magistrado por um comentário sobre sua filha, seu impacto na população equivale a um ato de apologia ao terror e ao crime como forma de resolução de problemas públicos ou privados.


Além de pensar e quase, segundo ele mesmo, matar um ministro, ele se valeu de suas prerrogativas de segurança como Procurador-Geral da República para proteger interesses familiares.  Rodrigo Janot é um sujeito insensível, que sempre se comportou de forma irresponsável com a futuro da economia e com a estabilidade política deste país, enquanto alguma administração do PT esteve no poder.


Não é de nenhum assombro sua confissão homicida.