Lava Jato pode destruir economia brasileira

   
  Sergio da Motta e Albuquerque
    atualizado em 17/9/2019



O saldo que a Operação Lava-Jato deixou a cada brasileiro foi a idéia de que todo o crescimento econômico entre 2005 e 2013 originou-se da corrupção. A construção civil e suas megacorporações, apanhadas nas malhas da operação, devem pagar pelos erros com o desaparecimento, pensam alguns. Esta visão torta aparece como corolário - um encadeamento dedutivo complementar - à sentença de Lula. Devem torna-se irrelevantes, e, com isso, levar o país ao caos. Porque sem as gigantes da construção civil em boa saúde, toda a cadeia produtiva do setor vem abaixo, e a recuperação da economia não acontece.

O Brasil e os brasileiros vivem deste momento esta situação: a economia não se recupera nem pela inércia da ainda nona maior economia do planeta. Sem a construção civil não vai haver recuperação econômica. A lava jato ameça destruir para sempre todas as nossas possibilidades de volta ao crescimento econômico

Essa organização monstruosa quer ser instituição. Instituição privada. Quer ter verba própria para seus desígnios sombrios. De onde viria a verba? Do dinheiro que a Petrobras pagou por seus 'erros'. A quantia deveria ir para a recuperação da economia, se este país tivesse uma administração séria. Eles recuperam o dinheiro, e agora, mercenários, querem seu pagamento. Em benefício de uma instituição privada, controlada pelos procuradores de Curitiba. "No way, José". Raquel Dodge, por enquanto, evitou o pior. A então Procuradora Geral do país derrubou a intensão sinistra nos provincianos procuradores de Curitiba. Todos incapazes de pensar em nível nacional, e completamente alheios à realidade econômica mundial.

Em seu julgamento, Lula da Silva não respondeu a muitas perguntas do matreiro matuto Sérgio Moro. No filme exibido pela Netflix "Democracia em vertigem" (The Edge of Democracy, 2019, Petra Costa) , Lula, em sua audiência filmada, em nenhum momento demostrou assombro diante de Moro e suas questões.

Num certo momento, o ex-líder sindical disparou contra seu juiz e algoz:

"- O senhor sabe que destruiu a construção civil no Brasil, não sabe?"

A resposta veio fraca, sem alma, convicção, força ou caráter. Lá no fundo, tímida e desmoralizada, ouvia-se a palavra milhões de vezes repetida, até perder o significado: "Corrupção...
Corrupção...Corrupção."

A cruzada moralista da Lava-Jato e seus sicários vai destruir para sempre a economia deste país e comprometer seu futuro de forma definitiva, se não for interrompida. Essa operação tem sido levada adiante ao arrepio da Lei e do interesse maior da sociedade. Não pode durar para sempre. Iniciada em 2009, sua perpetuação destruirá o Brasil de forma irreversível. Depois de 2014, quando adquiriu maior visibilidade, a operação transformou-se em um quase projeto de governo. Ela tem  vida própria, e quer continuar. Como todo organismo vivo. A lava jato tornou-se um mito destruidor. Um governo paralelo, a concorrer com o executivo, a impedir a recuperação da economia brasileira.

O gigantismo da operação pode destruir este país para sempre. A eterna vigilância anti-corrupção, proposta pelos procuradores caipiras de Curitiba, afasta o investimento externo, ao desacreditar  a política nacional e qualquer projeto de desenvolvimento local baseado na proteção social e na justa distribuição da renda nacional. Somada ao governo Bolsonaro (que tenta destruir todo o patrimônio moral e cultural que construímos, como uma nação que pretendia ser um exemplo de convivência entre etnias e religiões diferentes), ela, se não for interrompida agora, vai significar o fim de tudo pelo que lutamos desde  a independência do Brasil.



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Sugestão de leitura: Em 2016, eu publiquei esta denúncia contra a Lava Jato, no "Observatório da Imprensa". "Os perigos estratégicos da Lava Jato". Quando o Brasil vendeu uma fabricante nacional de radares e mísseis. Que agora faz muita falta a este país.
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Sergio da Motta e Albuquerque é Mestre em Pesquisa, Planejamento Urbano e Regional pela UFRJ/IPPUR, com extensão em Sistemas de Informação Geográficas e Geotecnologia na Universidade de Geologia da UERJ/CEPUERJ. Teve suas pesquisas subsidiadas pela CEHAB/RJ, CNPq e FAPERJ. Foi colaborador do "Observatório da Imprensa", entre 2010 e 2016 ( publicado no livro "Observatório da Imprensa: uma antologia da crítica de mídia no Brasil de 1996 a 2018" (pg.272), do "Opinião e Notícia", em 2009, e do Jornal GGN, até 2019. Foi Assistente DAS-6 na Secretaria de Educação do Rio de Janeiro. É atualmente blogueiro, tradutor, revisor de textos e professor de português.