Quem tem medo da Greta Thunberg?

                                                               


Sergio da Motta e Albuquerque




Um certo editor de um blog de assuntos militares gabava-se em uma rede social do Google (25/9) por ter “desmascarado a sueca”. Ele  falava da Greta Thunberg, uma menina que parece ter no máximo 13 anos de idade, como se fosse uma perigosa terrorista internacional. O rapaz perdeu um tempo considerável, até achar na imprensa suja de Ruppert Murdoch mais um argumento contra a menina sueca: ela tem por trás de si poderosos lobbies ambientas, que conflitam com a indústria do Petróleo. Não são gente perigosa, propositores de guerras ou fabricantes de armas de destruição maciça. São parte de uma burguesia esclarecida, que desistiu da luta política em favor do ambientalismo. Não sou especialmente simpático a eles, mas prefiro essa gente que os executivos do petróleo.

Há uma matriz energética a esgotar-se. A do petróleo. Nossas reservas estão no final. A maior parte da direita parece ignorar totalmente essa realidade.

A adolescente sueca de 16 anos que virou sensação nos meios de comunicação como a mais nova e atrevida ativista do clima. É óbvio que a moça vem de muito boa origem, a cruzar os mares em um veleiro, com toda aquela atenção da mídia mundial. Greta fala com uma paixão fria, e as vezes repete frases de efeito. Mas quem atira pedras na menina? Por quê? Em nome de qual projeto ou ideologia?

Até o caso das queimadas deste ano na Amazônia, cujo aumento o mundo atribuiu ao discurso anti-ambientalista de Jair Bolsonaro, eu não acreditava do movimento ecológico ( ou sua cooptação...) como força de pressão política. Eu estava muito enganado.

A civilização do petróleo está no fim. Não preparar a mudança da nossa matriz energética é o maior erro estratégico que se pode cometer neste momento da história da humanidade. Há muita bobagem, entre os ambientalistas. Muitos sonhos a ignorar a realidade mais imediata, como da segurança alimentar das populações mais frágeis neste planeta. Como alimentá-las com as caras dietas mais saudáveis para a saúde, mas mortais para o orçamento da maioria das famílias da terra terra?

Viajei para longe, leitores. De volta ao tema. A menina Thunberg pode ou não ter por trás dela algum interesse de empresários verdes. Provavelmente tem. Eles são melhores e mais educados. Sabem que uma mudança vai ocorrer, e querem ganhar dinheiro com isso de forma honesta, criando um mundo onde os recursos de planeta serão consumidos de forma racional e em benefício da coletividade. Não defendo o lobby ambientalista, mas não tenho medo ou ódio dele tampouco.

O que há de errado em ganhar dinheiro com inovação em geração, produção e transmissão de energia de origem não mineral ou fóssil?