Caso aprove a Regra ABNT NBR 16936 da ABNT e outras normas que vão trazer o padrão internacional de construção em madeira ao nosso país
Sergio da Motta e Albuquerque
Ao pesquisar as casas prefabricadas Winkellhouse, da Holanda, descobri que elas também são produzidas no Chile desde 2019. “Por que não no Brasil?” Pensei. Os projetos são muito bons. Vejam abaixo um deles, naquele país:
A resposta é simples e desagradável: nosso país ainda não tem regras de padrão internacional para construção das casas de madeira. A norma técnica que regula os projetos em madeira do Brasil, a norma ABNT NBR 7190, de 1997, está totalmente ultrapassada, e ainda usa elementos herdados de projetos de 1821, informou em Fevereiro deste ano o site da atacadista em madeira TW Madeiras. Sua atualização envolveu a criação de mais seis normas:
ABNT NBR 17021 – Estruturas de Madeira – Métodos de ensaio para corpos de prova isentos de defeitos – Madeiras de florestas nativas
ABNT NBR 17022 – Estruturas de Madeira – Caracterização de peças estruturais
ABNT NBR 17023 – Estruturas de Madeira – Determinação da resistência e da rigidez de ligações com conectores mecânicos
ABNT NBR 17024 – Estruturas de Madeira – Métodos de ensaio para madeira lamelada colada estrutural
ABNT NBR 17025 – Estruturas de Madeira – Métodos de ensaio para madeira lamelada colada cruzada estrutural”
Além delas, informou o site, aguardamos até 28/4/2022 a aprovação do 2º PROJETO ABNT NBR 16936 sobre edificações em estruturas de madeira leve (do tipo ‘pinus’ e outras):
Este conjunto de regras técnicas vai garantir a atualização de nossos sistemas de construção em estruturas leves para um padrão internacional de construção em madeira. Depois de tudo isso aprovado, o Brasil poderá, além de alçar as nossas pequenas construtoras ao nível mundial de construções leves, receber as casas prefabricadas internacionais, e adaptá-las para nossa realidade e nossos preços, a preços mais baixos. A nossa mão de obra é mais barata que a internacional nos países mais desenvolvidos, e as nossas matérias-primas são abundantes e, também, mais baratas.
O exemplo do Chile: pioneiro no padrão internacional de construção em madeira no nosso continente
No Chile, onde já existem as regras internacionais de construção em madeira fá estavam em vigor, a Wikkelhouse, junto com firmas locais, passou a manufaturar casas adaptadas para o país sul-americano no final de 2019/início de 2020. São casas prefabricadas, montadas em plantas industriais e levadas inteiras até o local que o proprietário escolheu. As residências fabricadas da Holanda são revestidas por 24 camadas de papelão industrial de alta resistência, ideais para casas de hóspedes, stands de vendas ou residências de veraneio. São feitas através da junção vedada de módulos prontos, que podem ser montados com um jogo de lego gigantesco, em diversos formatos. Vejam a figura do módulo, abaixo:
O modelo chileno é diferente e melhor que o manufaturado em Amsterdã. Os chilenos aperfeiçoaram o projeto europeu, tornando-o mais sólido e adequado à realidade geográfica do nosso continente. A casa é forrada de madeira compensada tratada, por fora, com isolamento de fibra no miolo, e madeira sólida revestindo o interior. Elas não usam papelão prensado em camadas, como as feitas na Europa, informou o blog especializado chileno “Madera21” em 2019 (16/8). Todas elas vêm com painéis solares, em todos os países onde a empresa está. A chilena Arauco (Celulosa Arauco y Constitución, que também opera no Brasil e Argentina), vem colaborando com os holandeses da Wikklelhouse desde o início para a realização do projeto da primeira casa de madeira prefabricada de alta tecnologia do continente americano.
O Chile aproveitou a oportunidade porque já tinha aprovadas e em ação a normas internacionais de construção em madeira no país. Por isso é importante, para a segurança e a evolução do negócio no futuro no Brasil, que os construtores em madeiras brasileiras apoiem e reconheçam a segurança que a norma ABNT 16036. Ela vai trazer segurança e oportunidades para a este segmento da indústria da construção civil habitacional, ao elevar o país ao patamar internacional de produção das residências de madeira. As exigências de regulação e a fiscalização vão aumentar. O produto final vai melhorar. A concorrência internacional vai chegar, como no Chile. E terá que ser feita em colaboração com as firmas locais, como naquele país, quando s casa pré-fabricadas modernas chegarem ao Brasil.
Além disso, a adoção da norma técnica padrão tornará mais fácil o trabalho da justiça no combate a ilegalidade neste setor, facilitando as ações civis contra os maus profissionais que fogem da lei e das regras de construção em nome do lucro fácil. A norma da ABNT também é uma protetora dos direitos dos compradores de imoveis em firmas pequenas de construção mista de alvenaria e madeira, ao impor padrões normativos para as construções e os materiais empregados nelas. Sobretudo as madeiras tratadas com autoclave.
Ela também protege o construtor, com instruções e orientações precisas, baseadas em estudos científicos produzidos em convênio com universidades, para orientar os projetos e profissionais nos canteiros de obras. Enquanto as casas prefabricadas do Chile, e de outros países, não chegam ao Brasil. Porque elas virão, e não vai demorar muito tempo até que cheguem a nós. Mas este é um assunto para uma próxima postagem.